“Requiescant in Pace”, é o que diz o enorme letreiro na entrada da elegante cidade dos mortos.
“”Requiescant in Pace”, é o que diz o enorme letreiro na entrada da elegante cidade dos mortos.”
Nos seus estreitos corredores de passos curtos, enormes mausoléus se projetam arqueados sobre o caminho, como ondas tombadas congeladas, quando prestes a arrebentar. Os passos mal iluminados, vão pisoteando essas poças contornadas pelas sombras dos mortos, enquanto dizeres em latim e espanhol, vão nos contando um pouco da história da alta sociedade desfalecida. E a necrópole nobre é exibicionista. Ela pulsa com finesse, mesmo sem mais pulsar. Ela banca um exuberante e patético padrão de vida, ou de morte, nas suas grandes estruturas de mármore e nas inimagináveis esculturas. Muito mais do que uma lembrança, ou homenagem, suas memórias demonstram uma desesperada vaidade, de quem ninguém mais viu. Uma percepção que, apoiada na sua incoerência, ganha as tonalidades do absurdo, mas que deixa a clara impressão de que muitos mortos vivem melhor do que os vivos. Onde o metro quadrado de sua cova é mais caro do que o de sua casa. Pois então bata no seu peito oco e se orgulhe. Ele é seu. Fique com seu mausoléu de ouro pela eternidade, que agora, eu vou por alí.
“Fique com seu mausoléu de ouro pela eternidade, que agora, eu vou por alí.”
“Expectamus Dominum”, ou “Esperamos pelo Senhor”, é o que diz o enorme letreiro na saída da elegante cidade dos mortos.
Rotas do Rafael 